domingo, 4 de novembro de 2012

Viia: Luana Borges


Louca, era o que diziam a respeito dela. Solitária, sem amigos, quieta, na sua. Diante de todas as oportunidades que tinha de estar envolta por pessoas isolava-se, escondia-se. Chamavam-a de anti-social, sem noção. Para ela? Pouco importava. Sabia de si. Estava certa do que sentia e se aproximar? Não, não era a melhor saída. Não neste momento, não agora, não hoje, talvez amanhã ou depois quem sabe. Todos julgavam-a, ninguém tentava compreende-la. Sua história não era comum, não era algo que acontece todos os dias com qualquer pessoa. Era difícil e só por sorrir quando a ofendiam, por ficar em pé quando a batiam, posso dizer que ela é forte como rocha. Mas toda rocha tem seu ponto fraco, toda rocha, vez ou outra apanha das águas. Uma aproximação, mesmo sabendo que, não era o certo, era tudo que ela queria. Alguém que visse além da sua forma estranha de ser e se portar. Alguém que lhe desse a mão e lhe trouxesse pra perto ou simplesmente uma pessoa para abraça-la depois de tudo que passará. Sua vida era um ringue de batalha, um conflito sem fim. Golpes de esquerda e direita sem chance de defesa ou reação. Ela estava cansada de tomar tantos golpes, estava fraca, sem esperança alguma para levantar-se e ao menos 
tentar bater. Não via a hora de chegar e dormir, esquecer-se de si e do mundo.Tinha um ritual, ouvia a mesma musica, todos os dias antes de dormir, a deixava mais forte, mais viva ou menos morta. Ela mesmo punia-se a cada dia, mesmo não aguentando mais, pois era uma forma de ter, por alguns minutos, controle sobre si mesma. Todos a machucavam, por que ela mesmo não poderia fazer isso? Pensava. Todos os dias pensava em cair, em desistir, mas resistia. Todas as manhãs abria os olhos desejando a noite novamente, para poder acordar do pesadelo. Sim, para ela era ao contrário, as noites de sono eram o sonho e os dias de sol eram o pesadelo. Quem resistiria a tanto? Quem não desistiria sabendo que levantaria e teria que estar disposta a sofrer? Qual é a pessoa, em sã consciência que teria coragem de levantar da cama sabendo que teria que ser forte, teria que resistir aos pontapés, aos socos e covardia? Pois é, poucos, e ela fazia parte dessa cota. Eis que finalmente aparece alguém, aparentemente igual, visualmente diferente. Um abraço de uma desconhecida, um sorriso sincero naquele dia. Dias e dias vieram, a confiança surgiu, a esperança nasceu, a coragem explodiu. Agora tinha um motivo pra levantar-se todos os dias, alguém por quem resistir a todos os golpes e injustiças da vida. Tinha um motivo concreto pra acreditar que punir-se não era a melhor saída. Enquanto houver motivo viverá, enquanto existir o porque estará em pé, firme. Não desistirás da batalha. Não fugirás da luta.
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